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Uma reflexão sobre Ética


etica

“À Etica cabe determinar a finalidade suprema (o summum bonum), que preside e justifica todas as demais, e qual a maneira de alcançá-la. Essa finalidade suprema é a felicidade (eudaimonia), que não consiste nem nos prazeres, nem nas riquezas, nem nas honras, mas numa vida virtuosa. A virtude, por sua vez, se encontra no justo meio entre os extremos, e será encontrada por aquele dotado de prudência (phronesis) e educado pelo hábito no seu exercício”.
Aristóteles

Tentando interpretar o que, em linguagem filosófica, está no texto acima, a Ética é a maneira de alcançar a felicidade, como uma finalidade suprema, sendo todas as demais finalidades a esta subordinadas. Felicidade não consiste nos prazeres, nem nas riquezas, nem nas honras, mas numa vida virtuosa. A virtude, por sua vez, se encontra no justo meio entre os extremos, somente encontrada por aqueles dotados de prudência e educação, e esta, obtida pelo habito do exercício da prudência.

Portanto, Ética é uma conquista do indivíduo. Neste ponto voltamos ao que Rudolf Steiner fundamenta em sua obra ‘A Filosofia da Liberdade’ como “o individualismo ético”. Aceitando-se estas definições como verdadeiras, torna-se vão, falar em ética como valor, quer seja de uma sociedade ou mesmo de uma organização. Talvez, um conjunto de valores possam indicar uma manifestação de uma certa busca por ética, desde que estes valores sejam vividos. Neste caso, ser ético não existe no sentido terreno, pois ética é uma busca, um adjetivo que qualifica a forma com que tais valores são praticados.

Possivelmente, nos aproximamos de uma certa ética quando adotamos um conjunto de valores, que incitem um agir “virtuoso” como pratica consciente e permanentemente vigiada. No sentido do texto acima, significa atuar no justo sentido, que é quando se busca a prudência, ou seja o caminho do meio. Poderia, então, concluir que a ética é o meio pelo qual se tenta viver os próprios valores.

Em Aristóteles e Platão, à Ética se une a Estética. E entre o ideal (ético) e o real (estético) revela-se o Logos. O Logos é o meio e o modo como Ética e Estética se reúnem, ele é terceiro elemento que trás sentido, que relaciona e completa esta trindade: a bondade, a beleza e a verdade.

Thomas de Aquino menciona que “o indivíduo, na relação com a coisa, apreende a forma (no sentido arquitítpico) no conhecimento”. Goethe, por seu lado mostra que por meio dele, o Logos (o homem no sentido pleno), Ciência (ética) se torna Arte (estética).

Este seria, portanto, o exercício da virtude pelo individuo pleno, em liberdade. Partindo do indivíduo chegaremos no coletivo, no social. Aqui a meta é caminho e caminhada ao mesmo tempo, meta é o exercício de caminhar ponderadamente.

Se esta busca for imposto como regra ou lei, provavelmente em breve, se degenerará novamente em infelicidade, no sentido da busca do gozo de uma utópica felicidade terrena plena e, por este caminho, inalcançável.

No documentário “Happy”, que aborda os resultados de uma pesquisa sobre a “felicidade”, os pesquisadores chegaram a conclusões que podem bem ser olhadas a partir do que acima está exposto. No documentário ha o relato, por exemplo, que no Japão muitas pessoas morrem por, pasmem, excesso de trabalho! “Karoshi” é como os japoneses denominam este triste fenômeno. No Japão o trabalho se tornou mais importante que a família e tudo mais na vida, ou seja, perderam a prudência, o equilíbrio, o “caminho do meio”.

Também neste documentário é mostrado que no Butão (pequeno país no alto das montanhas do Himalaia) não se busca aumentar o PIB – Produto Interno Bruto -, mas o FIB que é a “Felicidade Interna Bruta”. E os meios recomendados para se chegar ao FIB é exatamente o caminho da prudência, a valorização dos ritos, da família, da vida social, e também do trabalho. O exercício destes preceitos está possibilitando que se estabeleça uma nova relação até mesmo com o dinheiro, tornando as pessoas um pouco mais altruístas e assim, buscam construir uma sociedade em que as pessoas apoiem-se mutuamente, portanto, um pouco mais felizes. Ainda é um exercício e, no caso do Butão, endereçado pela autoridade, Assim, pode acontecer de ser algo infeliz para alguns, uma vez que lhe é imposto. Vale acompanhar o que acontecerá no futuro com esta experiência.

A pesquisa na qual se baseia o documentário mencionado acima, também mostra que quando as metas ambicionam o crescimento apenas material, orientadas pelo egoísmo, elas raramente geram felicidade. No livro sagrado do hinduísmo, o Mahabharata, diz num determinado trecho: a maior vitória pode ser a maior derrota.” O egoísmo induz a competição insana, ou seja, minha vitória custa a derrota de outrem. Assim, o circulo não fecha pois, certamente, haverá nova competição com ganhadores e perdedores, indefinidamente.

Percebemos então que, quando pregamos valores de forma extremada, sem ponderação, nos distanciamos do que poderia ser ético no sentido Aristotélico. A forma com que defendemos nossos valores determina o quanto contribuímos para a construção de realidades e quem sabe até de ambientes mais felizes. Ponderação em vez de imposições extremas. A grande pensadora do final do sec. XX, Hanna Arendt, conclui que só o bem é profundo e o mal é extremo.

Em nossa experiência com trabalho com indivíduos, grupos, família ou organização, constatamos como os valores dão sentido para o que se deseja realizar como Visão de futuro. A ausência deles inibem, enfraquecem ou cegam a visão. Importante não é apenas tê-los escrito em algum lugar, mas vivencia-los de forma que o mundo os percebam como fator de reconhecimento, respeito e engajamento.

 

 

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